quinta-feira, 31 de outubro de 2024

O GUARDIÃO DO TEMPO - Mitch Albom

 O GUARDIÃO DO TEMPO - 07/05/2019 -

 

Janeiro de 2016, a capa nos chama atenção, em especial a mim que me atenho ao tempo e aos relógios. Tenho comigo um relógio como esse que meu pai orgulhosamente trazia consigo sempre no bolsinho da calça, preso à cinta. Leio as imagens, percorro algumas falas


"A inabalável convicção de Mitch Albom de que nossas vidas tem sentido é reconfortante"  People Magazine (capa)

Todo o percurso das falas me é significativo; eis que

_ "Um homem senta-se sozinho numa caverna". (p.8)

A solidão dos dias atuais, a complexidade do tempo quando nos falta tempo, nossas cavernas, locais de isolamento e refúgio e quanto tempo nos resta, questões que enfrentamos quando percebemos o tempo escoar em nossas mãos e nada podemos deter. Eis que retomo alguns apontamentos de anos, mais precisamente 2016, quando da aquisição e leitura do livro.

Naquele momento, o tempo nos parecia interminável - o trabalho, as viagens, os jovens das cidades que percorríamos, São Carlos, Araraquara, Limeira, enfim, nada nos preocupava sua brevidade. Almejávamos muitos anos de convivência, a qual nos fora abreviada abruptamente. E volto ao livro e abstraio:

_ "Esta é uma história sobre o sentido da vida". (p.12)

E recorro aos meus grifos, aos meus apontamentos entre as folhas que me encaminham à leitura. Interessante notar, ao voltar a eles, o significado invertido - hoje temos noção de algo que não nos advinha naquele instante. 

_ "Todos sentimos saudade do que perdemos. Mas, às vezes, esquecemos o que possuímos agora". (p.142)

E percebo a saudade apertar o peito e grito:

_ "Por favor, faça ser ontem". (p.141)

Hoje grita em mim o ser dias, meses e ano passados. Quem sabe o percurso do relógio pudesse ser alterado. Quem sabe colocássemos nosso rosto contra a parede e solicitássemos por mais tempo... Talvez até o fizemos, mas não fomos ouvido.

Entretanto, a narrativa do autor me coloca dentro da saudade do que perdi, ao mesmo tempo em que me remete ao que possuo neste instante e passo a me entregar de corpo e alma aos meus apontamentos, aqueles que me dão sentido ao tempo presente. Percebo, então, que o tempo passado me tem sido generoso e

_ "Nunca é tarde demais nem cedo demais. É quando deve ser. (p.174)  

Sim! Nunca é tarde demais. Meu companheiro de jornada me fora presente durante um tempo significativo; meu entendimento o requeria mais, mas o distanciamento chega quando deve chegar e o tempo tem seu curso e seu sentido, assim, penso que ao me recompor estou a regressar ao ontem, de dias, meses e anos, quando meus apontamentos eram somente significativos das linhas que me   alcançavam. Agora elas me retornam com significado outro, pois que...

_"É quando estamos mais sozinhos que abraçamos a solidão alheia". (p. 199)

Quantas vezes, relendo essa passagem grifada, não pude perceber e compreender a dor de uma "solidão alheia". As lágrimas derramadas em silêncio, pelo companheiro que, de tão próximo, eu não podia enxugá-las; até que num leito branco de UTI hospitalar, uns olhos tão familiares, de um homem prostrado, inerte, quase sem os movimentos, vertiam translúcidas gotículas brilhantes, puderam me atentar ao fato e as enxuguei vez ou outra. Agora, entretanto, as palavras fugidias, requeriam silêncio que silenciava ambos; já se fazia tarde por demais. Entretanto, são as palavras que tornam a me encontrar e me envolvem numa serena paz...

_ "Os fins são para ontem, não para amanhã". (p.207)

Sim... Os fins justificam os meios; encontrei o fio da meada, pois, enquanto me vi privada de uma companhia que ficou no ontem, a companhia de minhas releituras e meus apontamentos para este espaço tão familiar a nós, que o criamos juntos, num tempo que fora registrado para não se perder no tempo, justificam os meios para um hoje. E avanço as páginas e elas me repercutem audaciosas...

_"O que estão todos fazendo?"

_ "Assistindo as suas lembranças." 

_ "Para quê?"

_"Para se lembrarem de como é sentir". (p.217)

Eu apenas reforço meu sentir memorialista - sempre tive bem perto de mim meus momentos memoráveis para contar e registrar, claro, não tão forte como agora, mas sempre os tive por perto. Meu companheiro era mais fugaz, não recorria ao passado, ansiava apartá-lo de si, muito embora, quase que impossível, senão impossível. Meu pai legou-me essa herança que venho a multiplicar em linhas de memórias tantas. Sinto latente a necessidade de expor meu sentir interno, para, vez ou outra, a ele retornar, para poder me compreender cada vez mais.

Sei muito muito bem que nosso tempo infinito faz com que percebamos a importância vital de nos relacionarmos de forma a menos conflituosa possível, muito embora, quantas vezes, atropelamos esse saber, criando situações adversas desnecessárias.

_ "Com o tempo infinito, nada é especial. Sem perda nem sacrifício, não podemos apreciar o que temos". (p.218)

As perdas me acompanham algum tempo, avós, tios, primos, irmão, mãe, pai, recentemente meu companheiro de belas jornadas. Confesso não imaginar passar por esta experiência brutal do distanciamento. Julgará ir primeiro, todavia, penso mais confortável minha permanência, do que o contrário. Da forma como estou a conduzir minha envelhescência, imagino ser mais tranquila esta jornada, ainda que sinta enorme saudade e presença da ausência inesperada. 

"Há uma razão para Deus limitar nossos dias.

_ Qual?


_ É para tornar cada um deles precioso". (p.219)


A partir desse distanciamento que me tem sido tão presente, refaço o encontro...

_ "... destinos se ligam de modos que não compreendemos"... (p.223)


Lembro da chegada de Élvio, quantas horas de conversas, quanto aprendizado. Estes blogs construídos juntos. Leituras compartilhadas. Estudos fundamentados. Trabalhos realizados. E posso acreditar que o propósito de Deus é bem maior para conosco. Quando O colocamos em ação é Ele que direciona nossa vida. Sabe a hora da chegada e da partida. 

Quando Deus quer trabalhar, o comando é somente  Dele, e não nos cabe interferir, razão pela qual me sinto a mais produtiva nesses meses que seguiram o desenlace. 

_ "Nunca é tarde demais nem cedo demais". (p.226)   

porque...

_ "Não podemos parar o que é escolhido pelos céus". (p.228)

Assim é que ao retornar ao passado tempo, o tempo me proporcionou um presente confortável entre a releitura de trechos que me foram significativos, naquele e neste tempo.

E, se o tempo me pede conta do tempo, tenho de dar conta do tempo que tenho em conta. E sempre encontro tempo para minhas contas, que estou a contar neste tempo. 

Obrigada escritor pelas palavras encorajadoras. Este livro me levou a outros que serão referenciados aqui: 

"As cinco pessoas que você encontra no céu" - inclusive o filme me fora gratificante tanto quanto a leitura.    


"A última grande lição: o sentido da vida" - o qual levado a filme, está na minha lista por assistir.

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Albom, Mitch - O guardião do tempo  /  Mitch Albon [tradução de Lucia Ribeiro da Silva]; São Paulo: Arqueiro, 2013


terça-feira, 29 de outubro de 2024

IKIGAI - UMA RAZÃO PARA SER

 

Conceito: 



“iki” = vida


                “gai” = propósito               

   
 






A partir do gráfico dos quatro (4) elementos, elenco os passos, de acordo com minha experiência ao longo dos anos:


PROPÓSITO



Outros pontos levantados pela mandala Ikigai - Reflexão:


ENCONTRANDO SEU IKIGAI - análise de autoconhecimento