quarta-feira, 31 de outubro de 2018

CASA DO POETA RIBEIRÃO PRETO - 03 de novembro 2018

por Inajá Martins de Almeida

Foi uma tarde emocionante. Entreguei o poema para Maris, depois de um longo abraço. Envolvimento literário que marcará o instante, através desta postagem. Minha sobrinha neta Ana Clara esteve ao meu lado, compactuando alegria. 

 Ana Clara, Inajá e Maris


 encontro feliz


Inajá se emocionava ao ler o poema que dedica a Maris, por ocasião do encontro entre poetas e escritores de Ribeirão Preto


Não há como deixar de agradecer e se emocionar com tão grata receptividade.




Sorriso contagiante... Não há como deixar de expressar tanto carinho recebido... Tanto carinho trocado.




quarta-feira, 17 de outubro de 2018

DAS COISAS QUE O ESCRITOR PRECISA

Quantas surpresas nos proporcionam as tais mudanças. Gavetas abertas. Caixas fechadas a guardarem lembranças, as mais significativas. Papéis amarelecidos pelo tempo, não tão longínquo - este datado de 28 de setembro de 2011 - encontrou-me.

Ao revisitá-lo, a saudade apertou o peito e retomei o tempo em que a troca de mensagens entre amigas - escritora abalizada Rita Elisa, de outro a aprendiz que engatinhava seus primeiros passos disseminados pela internet. Ainda os faço. O texto em papel não se atreveu a tal, muito embora o "Álbum das Bandas de Araras"  seja uma realidade. Autoria do pai Nelson Martins de Almeida, teve sua editoração, trabalho de pesquisa pelas primas Inajá e Matilde. 

Assim fora que, neste momento de confronto entre o mais e menos, deparo-me com as palavras da amiga Rita Elisa e retomo meus textos engavetados...  

"Preciso de menos, menos, menos, os mais me custam a visão, a intelectualidade é fator preponderante de menos, menos, menos. Quanto menos temos mais espaço haverá para armazenarmos nossas conquistas". Rita Elisa Seda 

continue em


https://palavrasdeseda.blogspot.com/2011/09/homenagem-escritora-eugenia-sereno.html


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DAS COISAS QUE O ESCRITOR PRECISA
Por Inajá Martins de Almeida



Sim...
 Precisamos de tão poucas coisas
Mas de importância vital para o escritor:


Um lápis,
Um papel em branco,
Uma noite de insônia,
Uma boa inspiração
Que se mova à transpiração. 

Puxa... Pensando bem,
Até que não é tão pouco assim.


Mas... acima de tudo:

Precisamos desse amor sincero,
Dessa paixão intensa pelas linhas.

Precisamos de um encontro sereno,
Macio do negro grafite
A deslizar no papel em branco.

Precisamos dessa magia não sei o quê
Que nos envolve num emaranhado de letras
Numa noite em que o sono não nos vem
Ou numa tarde de sol intenso.

Precisamos de leitores cientes,
Que possam apreciar a obra do escritor.
Que saibam manifestar senso critico
Sob um ponto de vista ótico
Ante a magnitude do texto
E que ainda mais
Acrescentem textos aos textos
Linhas às linhas
Saibam o significado real das entrelinhas:
Leitores que possam se tornar co-autores.

Precisamos de amigos sinceros, leais,
Ainda que distantes nos queiram bem. 
Amigos que ao nos encontrar nos olhem nos olhos,
Gargalhem por dentro e por fora,
Apertem-nos ao peito, bem apertado,
Nada nos cobrem, apenas possam sentir
O pulsar dos corações.
Amigos que possam nos ler, a nós
Antes mesmo do próprio texto.

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Rita Elisa Seda, minha tão querida escritora e amiga, foram tuas palavras que me inspiraram, não numa noite de insônia, mas enquanto lia e relia o texto nesta tarde ensolarada de São Carlos. Obrigada pela magia das palavras, mas, acima de tudo, perdoe-me pela pretensão dos versos. - 28/9/2011

terça-feira, 16 de outubro de 2018

MOMENTO DE REVISITAR ESPAÇOS EM NÓS


Reflexão por Inajá Martins de Almeida
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Leitura sempre me é instigante. Nesta manhã (16/10/2018) o encontro com Claudia Nina, em seu texto na Revista Seleções de dezembro 2015 - "Diários secretos ou nem tanto" - levou-me a reflexionar sobre meus apontamentos e grifos em livros, em cadernos, os quais podem deixar pegadas e pistas - tanto  as externas quanto as internas. Daí a necessidade de perceber o momento em que me vejo confrontada com a realidade que não estava registrada em meu projeto presente e futuro. Pelo menos num futuro tão próximo. Eis que passo a discorrer, sob inspiração, tanto da autora - Claudia, quanto da presente em mim, a impressão que me deixara os espaços, os quais passo a revisitar e revisar. 
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De tempo em tempo gosto de retomar as organizações dentro de minha casa. Geralmente elas me motivam pouco antes do término do ano, momento em que revejo minhas plantas – algumas se recompõem em novos vasos; o pequeno canteiro é remodelado. A área se torna verde, transforma-se em luzes natalina.

Este ano meu natal terá um colorido adverso ao que pensara – meu companheiro partiu, deixando-me o mesmo sentimento de vazio que há anos sentira, quando do distanciamento de minha mãe, próximo aos festejos natalinos. Se um é recente, outro já se conta em quatorze anos.

Entretanto, partidas podem nos levar a rever nossos momentos compartilhados e acumulados – roupas, livros, móveis, objetos pessoais, tantos mais... Será que tudo poderá permanecer como antes, ou terá de encontrar nova maneira de ser e ter?

Não me quedei a pensar por muito tempo. O vazio deixado fora maior do que a organização que se fizera se fez e se faz necessária. O armário compartilhado fora o mais rápido e fácil de ser desmembrado – roupas separadas logo encontraram novos corpos, distante de minha vista.

O quarto me fora o espaço primeiro a quedar meu jeito de ser e ter. Armário todo formatado, as cabeceiras de cama ornadas com flores e abajur, ao invés de livros. A colcha colorida, recentemente escolhida e comprada a dois, os travesseiros a mostra. Tudo ao meu gosto pessoal – toque de mulher que agora terá de se acostumar ao viver só... Livros na sala, nas estantes.

Nossos livros, nossas leituras diárias, entretanto, não me distanciaram – jamais poderão me distanciar da bibliotecária que sou – e a eles me lancei de forma a mais cuidadosa e harmoniosa possível.

Nossos livros contam a trajetória de uma década. Nosso primeiro encontro. Nossa primeira Feira do Livro em Ribeirão 2008 – outras vieram. Nossas visitas a livrarias, sebos, cafés. Nossos livros a mão, em nossa cabeceira de cama, em nossos estudos constantes. Nossos livros editados – um (o seu 2009) pequeno ensaio Reflexões Definitivas; o meu e da prima Matilde – Álbum das Bandas de Araras (autoria de Nelson Martins de Almeida – meu pai 2017).

Nossos livros... Um a um minuciosamente passam por minhas mãos. Registrados, individualizam-se nas estantes.



E relembro tua primeira pintura a mim dedicada - nós a batizamos de Livros sobre a Mesa. E eles falam muito de nós. O chinelinho sob a mesa,  a bolsa no chão, a janela aberta ao horizonte que nos apresentava límpido, inteirinho a nós. O vaso de flores, enorme, como enorme era nossa expectativa ao porvir que nos apresentava o momento. Um pequeno retalho de madeira não se intimidou a receber a obra do pintor em sua simplicidade. Agora só permaneceu a imagem. A madeira envelhecida corroeu a pintura e se perdeu entre tantos outros  momentos pelo caminho.  

Folheio alguns – terão tempo para me levarem aos apontamentos, aos grifos e sigo em frente. O tempo não me é cansativo. Agrada-me as estantes repletas de títulos e autores – lidos, relidos e que consigo guardam memórias escondidas...

Eis que, nesta manhã em que o tempo prenuncia chuva, o ar fresco matinal me encontra a revisitar as revistas, que por último permaneceram, e a buscar assuntos que me foram tão significativos em cada leitura. E estanco. O título me fala – “Diários secretos ou nem tanto”... Epa! Sua autora, em especial, encontrou-me em afinidade tal que sempre a busco entre as folhas das Seleções – acostumada a encontrá-las desde a infância, quando meu pai as tinha encadernadas (hoje já não as tenho mais... mudanças várias não nos permitiram levar conosco tantos livros, tantos móveis, tantos ... ), porém, Élvio as comprava casualmente.

Interessante! Noto as mudanças: umas de lugar e local, outras dentro do mesmo espaço e percebo necessário se faz o distanciamento de tantas coisas que ousamos pensar essenciais, mas que, por algum motivo ou razão, deixou de ter significado para o que se apresenta no momento e para o futuro. As revistas, belamente encadernadas, distanciaram-se de mim. Hoje  poucos exemplares os guardo.

Percebo nitidamente o momento de rever os espaços em nós...

Abro armários de cozinha. Caixas se avolumam. Sua função tornara-se desnecessária e são descartadas. – quantas. No que me compete a artesania, linhas esparsas em cantos e caixas vários podem e devem ser agrupadas, e são. Na gaveta de armário, pode-se ver e ter o material útil para novos trabalhos artesanais.  

Móveis velhos abrem espaço ao novo. Sapatos, roupas, renovam-se no armário que se enxugou. Apenas o básico, necessário. Nada de acúmulo. Nada de sentimento de posse, de saudade.

Eis que uma revisão geral se tornou presente. Fora necessário. Aquele que me era tão presente, ausente se fez aos espaços que compartilhávamos a dois. Tornaram-se imensos os compartimentos.

Mas, realmente são nos livros que encontro meus espaços mais significativos. Neles as lembranças saltam em linhas minhas memórias, as quais gradativamente serão revisitadas e transformadas em novas linhas.

Se as linhas, aconchegadas na gaveta de armário, podem conter pontos, quantos contos poderão conter meus apontamentos nas estantes acumulados.   

E se nesta manhã Claudia Nina, em seu artigo de dezembro de 2015, novamente me levou às linhas, esse encontro solitário e silencioso, razão da entrega frenética a sua leitura, valeu-me a imaginar meus próprios apontamentos e um desejo imenso de poder a eles retomar constantemente e me perceber em seus grifos – nos que apontei, nas datas que delimitaram o tempo. Quiçá, a possível releitura, me levará ao encontro de novos espaços em mim, o qual me passara despercebido.

E para finalizar minha reflexão nesta manhã em que o sol se apresenta tímido,  tomo posse da frase de Élvio e que aprecio sobremodo:

-  “Mudança! A única coisa que permanece”. (Elanklever)

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

VOCÊ É FELIZ NO SEU TRABALHO? John P.Strelecky

por Inajá Martins de Almeida

Desde o último dia 15 de setembro de 2018, minha existência não se comporta a mesma. Posso dizer - "o que eu temia me sobreveio..." sim Jó... mais uma perda, mais uma partida, mais uma referência presente que se vai - Élvio.

Nosso último olhar, lágrima a um canto vez ou outra deixou cair. Em meu coração a esperança do "confia" que há pouco ouvira da médica. Mas ali, aquele olhar que me seguia, que se quedava naquele leito branco de UTI, gritava em seu interior um adeus... Jamais o alcançaria... Agora a viagem seria só, como todos nós em algum momento de nossas vidas. Conheceria a Ditosa Cidade, que tanto aspirava e aspiro. Não julgara tão breve assim. Entretanto, os projetos os terei de continuar só, como tantas vezes avancei.

É uma manhã de sábado, quase adentrando o meio dia. Na rodoviária busco o local que mais nos envolvia - a revistaria de Alessandro.

Eis que, entre conversas o expositor giratório desliza em minhas mãos. Algum título está a me buscar, não demoro em encontrá-lo: "VOCÊ ESTÁ FELIZ NO SEU TRABALHO?" - John P.Strelecky 

Bom! Dizer fielmente : - não... Porém, alguns pontos me são relevantes e, antes de pensar em mim somente, imagino que a porta que Deus abre só ele, a seu momento, irá fechar... Assim procuro encontrar objetivos, propósitos e, principalmente aprendizado em cada situação, tanto as que me agradam quanto as que me são adversas... E sigo.

em construção

sábado, 11 de agosto de 2018

A FASCINANTE CONSTRUÇÃO DO EU - Augusto Cury

por Inajá Martins de Almeida

EM CONSTRUÇÃO...


Ler Dr. Augusto Cury é ter oportunidade de adentrar universo jamais imaginado e, mais do que uma leitura fascinante, em que o autor nos leva a desbravar os meandros de nossa mente, é poder compactuar as brilhantes ideias, os pensamentos formatados ao longo de uma carreira sólida da psiquiatria e se descobrir através das linhas, como numa sala junto ao psiquiatra que nos ouve e nos coloca nos trilhos da sanidade mental.

Em uma sociedade estressante, entendemos que é possível sim desenvolver uma mente saudável, o que nos é direcionado seus dez capítulos, entre conceitos, técnicas, definições e o próprio encontro e experiência do próprio autor, que nos toca e mais ainda nos faz entender a fragilidade do ser humano em seus calabouços.

O primeiro encontro se dera em 2013, quando adquirimos o livro e o lemos de forma rápida e prazerosa, entretanto, as técnicas ali desenvolvidas, necessitaram outros livros que viessem agregar maiores entendimentos, assim é que decorridos anos, retomo a leitura e abstraio entendimentos vários que tento e quero deixar gravado, para outras releituras futuras.

Na introdução o autor nos leva a três questões a pensar:

1) é impossível o EU fugir de si mesmo   
2) exercitar a paciência no intuito de as questões angustiantes se dissipem leva-nos a "armadilhas da auto ilusão"
3) podemos formar janelas traumáticas

Logo, temos de aprender e ter ferramentas adequadas para exercitar o controle do nosso EU - p.9/11

O alerta no capítulo I (p.13/21) é que o EU deveria ficar assombrado com a mente, uma vez que "produzimos pensamentos como se tal tarefa fosse uma banalidade".

Palavras soltas me extasiam e passo a registrá-las, como referência aos nossos estudos - é o caso de "Costurar as informações".


Sabemos e podemos adentrar o universo informacional e tratar essas informações ao ponto de nos tornarmos satisfeitos com o que adquirimos em matéria de conhecimento? O tema diz que não somos capazes, que nem uma mente brilhante pode usufruir da serenidade sem que haja acompanhamento, sem que sejamos gestores do nosso EU, quando usamos "técnicas inadequadas do EU como gerente psíquico! - e passamos assim adentrar o capítulo 2 (p.24/34).

Quais então são essas Técnicas inadequadas?

a) Tentar interromper a construção de pensamentos




sexta-feira, 27 de julho de 2018

PINÓQUIO - Lecticia Dansa

por Inajá Martins de Almeida

30/12/2015. Quarta-feira. Amanhece. Chove em São Carlos. A cidade comporta-se cinza. O prateado da fina água chama atenção ao barulho que os carros provocam em suas poças no asfalto. Aproveitar o dia é tudo que ansiamos, afinal 2016 se aproxima. Chegamos aos trinta dias de dezembro.


Os pássaros se alegram. Cantam. Agitam-se. A praça se cobre de verde. As flores resplandecem suas cores várias.

Água. Vida. A chegada do ano promete surpresas. A natureza se abre à esperança. Eu me alegro. Planejo.

O livro em mãos me fala da magia. Lindo. Encantador. Pinóquio. Entusiasmam-me os versos. Volto à infância. Sinto-me criança. Danço aos versos de Letícia Dansa e passo a trovar:



Quem na infância
não pensou em travessura
não se sentiu criança
quando no tempo volta à leitura.

É Pinóquio que traz à lembrança
da casa dos pais o aconchego a embalar
belas histórias, sonho da criança
sonhos que se podem sonhar.

E passa o tempo e torna a passar
mas a criança que vive e sonha o livro
logo se põe a contar
lembrança do passado distante, tão vivo.

Livro que pudera encontrar
livro que fora encontrado
entre tantos na estante a clamar
- quero por ti ser abraçado.!

Agora é ele que passa a inspirar
sonho e poesia
da menina distante a sonhar
com fadas, varinhas... quanta magia!

O livro, leva-me escritor 
à magia que ele inspira
e ao olhar de leitor
as linhas logo aspira.

E percebe leitor amante
que fala suas páginas como se vivo fora
com boca, cérebro, narinas.

O livro respira!
O livro inspira!

Leitor descortina
as linhas do autor.

Desvenda seus sonhos ocultos
refaz sua veia de poeta
como sombras, vultos
vem segredar - segredos desperta.

Poemas que não tem fim as linhas embalam
como a ninar a criança
que renasceu em mim.

Letícia Dansa
dansa nos versos da leitora
que adentra a história
na melodia da rima dança...

Dança, Dansa, Letícia Dansa
baila, baila sempre a girar
o sonho da criança
a bailar.

Magia somente possível, quando o livro
se torna a ler
leitura que encanta
quando se aprende a fazer.

Saber ler é uma arte
descobrir sua beleza também
aprende-se a andar
não se distancia do falar.

Mas... é quando se aprende a ler
logo a escrever
que se dá a completude
a completude do ser.

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Esta é a leitora. Esta sou eu quando não consigo  me separar do livro. Aprecio-o. Estudo sua capa. Seus autores. Organizadores. Tudo me leva ao encantamento.

O livro fala. Bibliotecária que aprendi a ser, percebo o livro no seu conjunto. Aí a beleza da obra. Ler o livro no seu todo. Eis o segredo, razão porque ele se torna tão importante para quem o lê.

Penso no escritor "o Judeu" (Antonio José da Silva - 1705/1739)  e absorvo algumas passagens de suas décimas e que seja prudente o leitor, diante do meu sonho de criança:

Amigo leitor, prudente, 
Não crítico rigoroso, 
Te desejo, mas piedoso 
Os meus defeitos consente: 
Nome não busco excelente, 
Insigne entre os escritores; 
Os aplausos inferiores 
Julgo a meu plectro bastantes; 
Os encômios relevantes 
São para engenhos maiores. 

Esta cômica harmonia 
Passatempo é douto e grave; 
Honesta, alegre e suave, 
Divertida a melodia. 
Apolo, que ilustra o dia, 
Soberano me reparte 
Ideas, facúndia e arte, 
Leitor, para divertir-te, 
Vontade para servir-te, 
Afecto para agradar-te. 

http://www.fclar.unesp.br/Home/Pesquisa/GruposdePesquisa/Dramaturgia-GPD/OJudeu/aobra_teatrocomicot.pdf


Magnifico encontro Pinóquio, Lectícia Dansa, Antonio José da Silva. Passatempo alegre e suave pode compor singela melodia, para divertir quem escreve e agradar quem possa ler. 

Inajá Martins de Almeida - São Carlos 30/12/2015)

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Resgato livro neste instante e alma grita em júbilo. Meus projetos. Meu retorno aos textos. O passar a limpo o tempo investido, acrescentar novas linhas, aclarar outras. Tudo é possível quando se tem o registro na tela digital.

Aos poucos novo sentido vou encontrando aos meus momentos de isolamento nestas paredes deste local aconchegante. Meus livros organizados em estantes, meu piano que o posso tocar vez ou outro. Os sofás ornamentados por croches. Eis aqui um pedacinho de mim que vai tomando, cada vez mais aspecto do meu ser. 

Neste dia 27/7/2018 a lua em seu eclipse a dar espetáculo veio preencher este momento de puro lirismo e me fez retomar ao livro que tanto me inspirou e fora motivo de tantas linhas.   

PALAVRA POR PALAVRA - Anne Lamott

por Inajá Martins de Almeida

SOBRE MEU LIVRO INTERIOR

Poucos dias nos separam do ano novo. Logo mais estaremos em 2019. Novas esperanças. Novas perspectivas. Novos sonhos. Novas rotas apontam nossas expectativas.

"Palavra por palavra: instruções sobre escrever e viver" da escritora americana Anne Lamott, inspiram-me estas linhas. Estou em suas páginas derradeiras, prestes a uma releitura. Em muitas páginas posso me encontrar, quando me fala que suas experiências foram para o papel. 


Houve momentos em que julguei ser necessário apontar minhas próprias vivências, mas retrocedi. Afinal, pensara, a quem poderia interessar a não ser a mim mesma?   

[Hoje, 11/05/2020, ao reler estas palavras, sinto a necessidade de acrescentar outras. A frente deste computador, percebo o tempo passar; estamos de quarentena pela pandemia do corona virus - covid 19 - que acometeu a humanidade de maneira cruel, dizimando vidas, provocando pânico, trazendo a tona a política e seus politiqueiros de forma a mais insensata que se possa imaginar. Nos meus 70 anos jamais convivi com um tempo tão sem esperança quanto este. A fé tem me sustentado, e a muitos, embora estejamos apartados do convívio social. Não podemos nos tocar, não podemos nos visitar, não podemos trabalhar, enfim, nosso relacionamento está truncado. Estou aqui com meu livro interior aflorando minha mente. A tela do computador se abre a mim. O livro de Anne Lamott me traz perspectivas e recorro a suas páginas. É momento de escrever cartas, de se autoanalisar, de se perdoar; momento de rever espaços desarranjados, como o tenho feito de maneira a mais acintosa possível. Hoje, um dia após o dia das mães, sinto meu coração enternecido pela ligação de meu filho - como o esperei; como almejei ouvir sua voz. Fora um bálsamo para meu coração. Filho amado, sempre, querido e desejado. Este breve parêntese fora necessário. Outros virão, sem dúvida.]   

Também pensara em Lampedusa, quando nos dizia ser nossa obrigação a confecção de um diário - nossas memórias, mas é Anne que me inspira agora a estas linhas, complementa que a verdade de nossa experiência só pode ser revelada pela nossa própria voz (pág. 186).

"Se você não revelar o que está dentro de você,  
aquilo que não revelar poderá destruí-lo. E a verdade da sua experiência só pode ser revelada pela sua própria voz..."

Quantas vezes pedi a meus pais escreverem suas memórias, suas lembranças mais significativas, mas declinavam a cada rogo meu... Como eu poderei ter voz aquelas que já não se encontram mais em meu convívio e como minha voz terá sentido ante a quem vier a ler meus relatos; eu mesma não sentirei a veracidade daquilo que não vivi, apenas recebi em falas que se perderam ... 

Em outros capítulos me estimula a escrever 300 palavras por dia, pelo menos, mesmo sem inspiração, até que outras possam abrir caminho. Cartas também sugerem um bom estilo de escrita por serem pessoais e informais.

Assim, aqui estou. Não sei bem aonde as palavras vão me conduzir, mas o primeiro passo fora dado. Um novo ano se apresenta. São dias em branco para serem escritos e editados. Sei que tenho muito a contar e quero. Não tenho muito tempo a perder, afinal sei que não viverei outros sessenta anos mais, assim, aguardem-me!


Estamos, hoje em 2018 - 27 de julho mais precisamente... Ah como o tempo transcorre célere... Entre o pulsar do ano que se aproximava 2012 aos meses que transcorrem 2018, contam-se em anos seis e meses sete...


Então... 

Será que tenho um livro dentro de mim? 

Bom... Bem o sei que tenho. Ano passado Matilde, a prima, e eu levamos a lume o livro engavetado que meu pai me deixara - Álbum das Bandas de Araras. Já é concreto. 




Em 20 de julho de 2017 numa sensacional noite de autógrafos, nas dependências da Biblioteca Martinico Prado, entregamos aos munícipes ararenses, aquele que já é considerado o documentário o mais completo sobre as Bandas de Araras. 





"Você acha que tem um livro dentro de você?
Penso que todos nós o temos. Todos temos uma história - a nossa história - que poderia ser escrita. Quem dera pudéssemos registrar nossas lembranças em papéis; tirá-las da memória, do nosso mais íntimo e lançá-las nas linhas do tempo. Muitos o fazem. É possível.



Anne Lamott, nascida entre livros, num lar em que seu pai era escritor, acostumada fora às linhas, à escrita e jamais dela se apartou.





"Hoje em dia, a vida é bem mais complicada do que era na Idade Média, mas, sob vários aspectos, continua a mesma... entretanto, é muito recompensador saber que dentro de nós, ainda há uma parte boa que não foi corrompida e destruída, que pode ser resgatada e usada... no entanto, se você se importa de verdade com alguma coisa, essa crença fará com que você continue se esforçando para terminar seu trabalho".


O livro nos dá um desejo imenso de nos lançarmos de pronto às nossas memórias, à criação de novas histórias, novos personagens.

Direciona-nos à vantagem de que "escrever nos motiva a olhar a vida mais de perto" (p.10)

Meu pai me levara a escrita, incentivara-me a tal, entretanto, historiador, escritor que era sentíamos na pele os revezes que o acompanhavam também. 

A fluência verbal abria-lhe portas entre microfones, palanques, entrevistas, rádio, jornais, TV, ao mesmo tempo em que o lançava aos olhares sinuosos de contrários... 

Quantas lágrimas eu, a filha, vertera em bastidores das conversa que ouvia, das insinuações - não ... não almejara a vulnerabilidade que a escrita pudera me proporcionar.

Um dia, nos idos 1967, numa revista que meu pai editava - Revista de Araras - li um texto que escrevera em nossa viagem ao sul, em casa de tios e primos. Bastara para a partir daí meu nome figurar no sumário de todos os demais números - como estudante. Entretanto, jamais escrevi linha sequer. O anonimato me serviria de bastidor.

Até que, em 2005 meu nome viria a estar estampado num caderno nacionalmente visível: desta vez era o ENEM de 2005 que encontrara um texto no Amigo do Livro e o trouxera como motivador para a redação daquele ano. A partir desse momento, percebi que a escrita viera ao meu encontro e que o texto logo editado numa revista me fora um sinal de que deveria abrir-me ao universo literário, não importasse a visibilidade que fosse.

Assim, estes textos, resultado de encontros entre livros estão a me proporcionar satisfação inimaginável e, quiçá, poderei alavancar outras revistas mais, antologias, jornais e, meu próprio livro num futuro breve, afinal, livros me nortearam desde tenra idade, basta leitor, sentar e escrever...

"Escreva um pouco por dia... Faça de conta que são escalas de piano. Imagine que assinou um contrato com você mesma... Comprometa-se a terminar as coisas". (p.19)  

Bom, eu não tenho a pretensão de ser uma escritora, como muitas que existem no universo da escrita, mas penso que há algo que posso dizer e ser lida sim, quer em poemas, quer em situações do cotidiano, como crônicas - sim em prosa e verso gosto de me exercitar. Em meus blogs, quantos os tenho. Assuntos diversificados que se abrem. Já os perdi de vista, quantos.

Este estou a formatar gradativamente e confesso que tem me alegrado por demais poder voltar aos seus temas, seus títulos, agregar pontos em aberto. Inspirar-me em livros e escritores que nos apontam nortes para nossos gostos mais íntimos. Quero sim dar vasão a este lado que ficara num passado longínquo, resgatado nestes anos que ainda me sobrevierem.

Um pouco por dia, não mais que isso me basta para entretecer meus dias.

Realmente, seguindo sua fala buscar seduzir o leitor e compartilhar o da escrita dom com os demais.

Leitura gratificante.

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Lamott, Anne   -   Palavra por palavra: instruções sobre escrever e viver   /  Anne Lamott  [traução de Marcello Lino];  Rio de Janeiro:  Sextante, 2011.   

terça-feira, 24 de julho de 2018

AJUDA-TE PELA PSIQUIATRIA - Frank S. Caprio

reflexões por Inajá Martins de Almeida

Manhã fria em São Carlos. Quarta-feira 11 de julho 2018. Entre afazeres, trabalhos manuais, que muitas das vezes não consigo prosseguimento adequado, retomo a leitura... Instiga-me o livro de Frank S. Caprio - Ajuda-te pela Psiquiatria.

Percorro suas páginas... "Onde residem nossas frustrações? As páginas 209/211 nos alertam sobre os males que acarretam essas frustrações. O "conhecimento íntimo"- abstraio da leitura - é o que pode nos desvencilhar dessas mazelas. Quantas vezes nos encontramos em querer ajudar as pessoas, o mundo, mas não nos observamos; não nos damos conta de que podemos ser "cegos guiando outros cegos"; "vemos homens como árvores" e assim estamos sempre a buscar alguém que nos lance ao tanque, como o cocho de Betesda, há mais de trinta anos paralisado, curtindo sua solidão e desamparo. Buscamos, quantas vezes, desculpas para nossas questões pendentes e, na maioria das vezes, trazemos para nós mais culpas - des-culpas (dez culpas), quem sabe.

Fora a leitura que me levara a minhas conjeturas também... Pude me atrever às linhas agregando outras tantas leituras, numa releitura que se quer registrar...

MINHA BUSCA DA BELEZA - Rollo May



por Inajá Martins de Almeida
sábado, 7/7/2018 - escrevo...



" ... a beleza nasce do ato lúdico, enquanto se brinca".(Schiller - p.49)

"O ato lúdico é a única atividade em que a fusão interior e dos fatos objetivos se realiza. Dessa fusão procede a forma viva que é a beleza. Essa forma vivente é vital, animada, dinâmica; e ao mesmo tempo ela dá serenidade, sossego, como por exemplo, na música... "
"O ato lúdico une o mundo interior de nosso devaneio pessoal ao mundo exterior das pessoas e da natureza".(p.49)



O livro inspira-me; eleva-me aos meus devaneios concretos, porque o exteriorizo por meio destas linhas, que se tornam presentes ao meu sentir, e, futuro, a quem vier encontrá-las, quer em rascunho a punho, quer na grande galáxia internet a qual deposito esses apontamentos.




Em 12/7/2018 retomo meu caderno de anotações e escrevo:

O inverno nos encontrou. Manhã gelada na cidade de São Carlos. O quarto respira a brisa úmida que adentra janela entreaberta. Amanhecemos entre as cobertas quentes, Mel a nos direcionar à sua alimentação matinal, o cafezinho quentinho com seu aroma e cheiro peculiar sendo preparado por Élvio, que não se  roga ao entregar na cama a cada manhã.

Livros sempre a me rodearem, a me conduzirem tempo e espaço, numa companhia que se faz sentir, acalentando de forma a mais profunda meu existir. 

Rollo May com seu "Busca da Beleza" instiga-me em suas páginas, a maneira como conduz suas memórias, desvendando a nós um pouco de si, levando-nos, quantas vezes a nos irmanarmos no contexto e, juntos, viajamos por lugares que, embora jamais conhecidos, tornam-nos tão familiares - escritor e leitor se fundem, completam-se, dialogam entre si e passam a se escrever, cada qual em sua época, em seu local, sem ao menos jamais terem se encontrado. 

Assim é que os capítulos se aventuram aos apontamentos: quero-os neste caderno - agora neste espaço cibernético também. Transcrevo partes, frases dentro do contexto que adentram meu sentir: - A Beleza e a Morte; julguei passar adiante, mas, rendi-me à escrita poética do autor a citar outros tantos que lhe vieram emprestar trechos ao tema que se abria, porque realmente todos já passamos pela lembrança da morte de alguém próximo e, a nós mesmo, um dia desconhecido, será concedida essa experiência, assim, cedi à leitura e, passo a passo caminhei e me envolvi:

"Os artistas... são as pessoas que criam coisas que perduram para além da morte". p.83


E segue e me faz seguir e absorver a citação de Spinoza em sua Ética:


"A existência de uma coisa não pode ser explicada pela duração ou pelo tempo, 
mas somente por esta qualidade da eternidade". p.84

Penso no escritor. Seríamos todos, pois, escritores? Afinal, se vamos à escola aprender a ler e escrever, o que faz, há muitos, se distanciar da leitura e, principalmente, da escrita. Bom... conjeturas a parte, quem sabe retomemos em algum momento. Ah! Escritor...

Volto às primeiras páginas do livro em questão e é quando "um escritor chega às portas do Céu, o qual, levado à presença de São Pedro, é acusado por este de "simplificar demais..." p.11. E penso, em meu questionar e me visita Fernando Pessoa com o que abstraio sendo o poeta um fingidor, que consegue fingir a própria dor. 

Seria realmente isso? Seria, então, por esta razão que não se busca pela escrita para não ser acusado? Ser visto? Criticado, copiado ou outros tantos mais? E me rendo à escrita e me entrego a auto interpretação em que o autor figura-me como aquele que, ao me encontrar, em meio a milhares de títulos dispostos em estantes bem organizadas daquele sebo "Outros Contos", da bibliotecária cuidadora pelos livros que comercializa, passa a enlevar-me através das linha que ao mesmo tempo que leio, passo a ser partícipe do contexto, quando me percebo entre as linhas - não mais leitora, mas aprendiz de escritora... 


"Outros Contos" é uma casa em seu formato externo - templo do conhecimento para muitos que a buscam. Percorro ávida pelo encontro de algum título, autor que venham saciar minha sede pela leitura que afete meu ser. Salas amplas, estantes nas paredes, mesas e cadeiras, sobre janelas que se abrem à rua, sofás se debruçam a preencherem harmoniosamente espaços em que podemos nos aconchegar, avançar os títulos e nos permanecer enlevados aos temas, às leituras e, quiçá, torná-lo nosso.  

Extasio-me ao inesperado, tão esperado - Rollo May, conhecido nos era, já nos desvendara "O Homem a procura de si mesmo", agora, pois, encaminhara-nos à Beleza e nos propõe "a dimensão artística de nós mesmos e os seres humanos sobre os quais lemos alguma coisa".


Lembrei-me assim e não me privei ao registro, de um comentário pela internet, o qual chamou-me especial atenção donde devemos, por um momento, quem sabe, parar com tanto nos encher de títulos, mestrado, doutorado, especializações e sairmos a cultivar as praças, as flores, as pessoas, conversas possíveis e sobretudo, ler Manoel de Barros; este último, contudo,  fora interessante, uma vez que encontramos um livro seu, jogado na rua e dele nos apropriamos, para casa o trouxemos e fomos ao encontro em saber que era esse que nos teria legado suas "Memórias Inventadas" e encontramos o autor mato-grossense que, menino Manoel, fora levado aos estudos e aos livros e, em suas especulações, ao sentir e pensar que grandes estudiosos e eruditos pudessem se esquecer do trivial que a vida proporciona, encontra Albert Einstein a dizer que:


" a imaginação é mais importante do que o saber"

Foi aí que se deu conta da soberania de Deus em sua engenharia e que, ao homem, não lhe é concedida a soberania nem para ser um "bentevi" - p.153 Memórias Inventadas _ Manoel de Barros

Assim é que o relógio avança o tempo e, nesta manhã fria, o sol se levanta e aquece o espaço; os afazeres me clamam à realidade; logo mais aula RASC, mas, antes, um retoque me é significativo para a inspiração que me fora alcançada:

"precisamos enfrentar a história da cultura em que vivemos, nos movemos e existimos. É esse não ver as coisas em sua dimensão artística que nos tem feito cegos aos perigos de nosso crescimento fenomenal... ademais precisamos enfrentar nossa própria arte pessoal, seja qual for. A Arte tem sido a auto-interpretação dos seres humanos no decurso da história"... Rollo May p. 13

Assim, transbordando em ideias, inspirando-me através das palavras dos autores e poetas, posso deixar o aconchego desta cama, abandonar os cobertores quentinhos e partir à caminhada que se abre a mim. 

Repleta por boas inspirações, para enfrentar a lida, encerro em agradecimento o acordar mais uma manhã, entre o café aromático e amoroso que me fora servido, as leituras dos livros que os tenho ao redor e que tanto puderam inspirar estas linhas, as quais retornarei em outra manhã. Obrigada Deus.

21/7/2018 - sábado
Após noite agitada, em que a cabeça latejava em dor constante, o comprimido me levara ao alívio e sono. A tensão, estresse dos últimos acontecimentos - doença de Élvio, contratações jovens RASC - desencadearam tensões em meu físico.

Amanheço livro em mãos. Rollo May continua instigar-me. Suas páginas recheadas de questões, gritam-me; levam-me a outras tantas páginas. Horas infindas as imagino numa frase:

"aja como o criador de uma estátua que tem de ser feita bela... " - Plotino  - cap. VIII

Palavras soltas o texto me revela e me aproprio...

"encontrar forma no caos..." - p.141; 
"a forma é a estrutura não material de nossas vidas, à base da qual vivemos e sobre a qual baseamos nosso próprio caráter particular". p.142

Mais além...

"a gente está sempre, subconscientemente, no processo de desmanchar alguma coisa em nossa imaginação, e de repor, em seguida, tudo em seu lugar... 
Ora, tudo isso é uma construção de forma... A forma dita o conteúdo"... 
[Assim...]
 "Há um perigo em se suprimir o caos com demasiada facilidade, pois, com isso, se remove o estímulo..." - p.144
Imagino, pois:

caos -  estímulo - imaginação - criação - forma

caos =  fator

estímulo =  gerador

imaginação =  motivador

criação =  instrumentador

forma =  realizador

O caos a se pensar na Criação do Mundo, donde: - A Terra era vazia e sem forma... Penso no artesão, o novelo de lã, linha. Fio que se mede, que se pesa - inerte numa caixa, numa estante. Sim, o caos entre tantos novelos, tantas cores, daí o estímulo para se criar. 

E o desmanchar o que tecido fora - ponto a ponto - encontra o artesão sua frenética busca pela beleza, pelo gozo do prazer em se tecer e admirar o que está a tecer; assim, há que se agradar primeiro artesão, artífice de sua obra, para, depois, tornar público sua criação, quer sobre a mesa, adornando corpos, em fotos, em fatos. 

Assim é pois que o caos gera sentido e faz sentido e se irmana ao Criador e gera dor de toda beleza que se pode ver, sentir, imitar. Sim... porque

"A Terra era vazia e sem forma, mas o Espírito de Deus paivara sobre o caos"...

Posso, a partir desse momento, encontrar-me no emaranhado confuso de pensamentos, em que, por algum momento, o caos me fez companhia, mas, a partir deste instante, a imaginação pode levar-me além das páginas escritas por Rollo May, para as minhas próprias escritas. 

22/7/2018 - domingo

O vento frio da manhã adentra janela entreaberta e nos encontra no aconchego entre cobertas. Amanheço livro. Os capítulos percorridos entre temas, aguçam minha mente que se vai longínqua, entre memórias - lembranças, quantas fugidias; saudade que se lança no vazio, em busca dos personagens que não se encontram mais presentes.


Rolo May consegue penetrar profundamente nosso interior e dele extrair nosso sentir que aflora. O culta a beleza, as aulas de Dona Carminda a nos levar a distinguir o Belo. Sua entonação marcante, elegante, seu sotaque português, penetrante, loquaz, soa-me ainda agora decorridas décadas desde 1970 até 2018.

A beleza que minha mãe, a meus olhos de filha deslumbrada, transmitia-me seu porte, gestos, maneira de falar, de cativar, de agradar, de receber, de partilhar. Seu sorriso, sua aura angelical sempre em lembrança presente. 

Ah o escritor... Passa a nos desvendar, enquanto desvenda-nos; lança-nos em salas, como terapias e nos revelamos... Em nós descortinam bastidores que se mantinham incógnitos, guardados em chaves e afloram sentimentos tais que avançam o palco em júbilo, em brados e louvores e abrimos gavetas e buscamos memórias que nos ilustram.

Minha mãe... O drama da perda da primeira filha, a morte que lhe rondava, soberba, fria, maldosa, enganosa, jamais lhe fora intimidadora. Vencia batalhas, fortalecia-se a cada percurso.

Meu pai... Sempre presente, combatia o combate, entre livros, linhas que declinava, escrevia o roteiro dos anos por virem - e vieram, viveram, sobreviveram, venceram.

Jamais encontrei pai e mãe a reclamarem, blasfemarem as perdas, mas os encontrava sempre alegres a eleger a vida, os dois filhos que anos depois almejaram trazer à vida; eram os anos em aberta comunhão, um dia vivido por vez. O agradecer ao findar do dia; o agradecer e se entregar ao raiar do sol.

Tudo isso me tornou observadora, embora, quantas vezes, a pouca idade, a infância, a adolescência não me proporcionaram o devido preparo ao entendimento do presente que me fora os pais. Entretanto, ainda que no avançar dos anos, em que a ausência me cala profundamente, reconheço o quanto o Criador me fora gentil ao me direcionar os pais, irmão, enfim a família que nasci.

Como é gratificante poder em idade avançar no tempo; tempo que nos propicia amadurecimento e entendimento.

O acompanhar em médicos, quando adoeciam, as experiência que adquirimos deles, tudo a nos compactuar a beleza de se poder admirar o por do sol, o raiar do dia; ouvir o murmurar das águas, dos pássaros em seus trinos, o roçar a terra, sentir o cheiro de relva molhada. Quantas manhãs... O balançar da corda dependurada  no galho da ameixeira. O fruto amarelo, doce, suave a molhar o rosto quando a explodir na boca.

Doce lembrança meus pais me proporcionaram. Minha infância... O regaço quentinho de minha mãe a me oferecer seu colo, quando me via acabrunhada. Meu pai a chegar do trabalho sempre nos presenteando com seus chocolates - e a gaveta da cômoda se enchia pelos tais; éramos comedidos na gulodice - a mãe orientava-nos à tal, assim, havia fartura todos os dias...
 Bom fora transportar-me aos anos de infância. A janela em noite fria de junho. O céu pintado de balões mesclando-se as estrelas as quais podiam-se ver entre a estrela d'alva, o cruzeiro do sul, as três marias... Hoje não mais as distinguimos, só em nossa imaginação. As luzes da cidade ofuscaram o brilho natural do firmamento.



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VIDEOS SOBRE ROLLO MAY E SUA PSICANÁLISE EXISTENCIAL


https://www.youtube.com/watch?v=Trzta8kjwRg - SER-NO-MUNDO

https://www.youtube.com/watch?v=ixwyQkdxYUo - ANSIEDADE E CULPA

https://www.youtube.com/watch?v=DnNNW1TLEPg - CUIDADO, AMOR E VONTADE

https://www.youtube.com/watch?v=dKKkKQ-vQE0 - PSICANÁLISE HUMANISTA EXISTENCIAL