quarta-feira, 31 de outubro de 2018

CASA DO POETA RIBEIRÃO PRETO - 03 de novembro 2018

por Inajá Martins de Almeida

Foi uma tarde emocionante. Entreguei o poema para Maris, depois de um longo abraço. Envolvimento literário que marcará o instante, através desta postagem. Minha sobrinha neta Ana Clara esteve ao meu lado, compactuando alegria. 

 Ana Clara, Inajá e Maris


 encontro feliz


Inajá se emocionava ao ler o poema que dedica a Maris, por ocasião do encontro entre poetas e escritores de Ribeirão Preto


Não há como deixar de agradecer e se emocionar com tão grata receptividade.




Sorriso contagiante... Não há como deixar de expressar tanto carinho recebido... Tanto carinho trocado.




quarta-feira, 17 de outubro de 2018

DAS COISAS QUE O ESCRITOR PRECISA

Quantas surpresas nos proporcionam as tais mudanças. Gavetas abertas. Caixas fechadas a guardarem lembranças, as mais significativas. Papéis amarelecidos pelo tempo, não tão longínquo - este datado de 28 de setembro de 2011 - encontrou-me.

Ao revisitá-lo, a saudade apertou o peito e retomei o tempo em que a troca de mensagens entre amigas - escritora abalizada Rita Elisa, de outro a aprendiz que engatinhava seus primeiros passos disseminados pela internet. Ainda os faço. O texto em papel não se atreveu a tal, muito embora o "Álbum das Bandas de Araras"  seja uma realidade. Autoria do pai Nelson Martins de Almeida, teve sua editoração, trabalho de pesquisa pelas primas Inajá e Matilde. 

Assim fora que, neste momento de confronto entre o mais e menos, deparo-me com as palavras da amiga Rita Elisa e retomo meus textos engavetados...  

"Preciso de menos, menos, menos, os mais me custam a visão, a intelectualidade é fator preponderante de menos, menos, menos. Quanto menos temos mais espaço haverá para armazenarmos nossas conquistas". Rita Elisa Seda 

continue em


https://palavrasdeseda.blogspot.com/2011/09/homenagem-escritora-eugenia-sereno.html


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DAS COISAS QUE O ESCRITOR PRECISA
Por Inajá Martins de Almeida



Sim...
 Precisamos de tão poucas coisas
Mas de importância vital para o escritor:


Um lápis,
Um papel em branco,
Uma noite de insônia,
Uma boa inspiração
Que se mova à transpiração. 

Puxa... Pensando bem,
Até que não é tão pouco assim.


Mas... acima de tudo:

Precisamos desse amor sincero,
Dessa paixão intensa pelas linhas.

Precisamos de um encontro sereno,
Macio do negro grafite
A deslizar no papel em branco.

Precisamos dessa magia não sei o quê
Que nos envolve num emaranhado de letras
Numa noite em que o sono não nos vem
Ou numa tarde de sol intenso.

Precisamos de leitores cientes,
Que possam apreciar a obra do escritor.
Que saibam manifestar senso critico
Sob um ponto de vista ótico
Ante a magnitude do texto
E que ainda mais
Acrescentem textos aos textos
Linhas às linhas
Saibam o significado real das entrelinhas:
Leitores que possam se tornar co-autores.

Precisamos de amigos sinceros, leais,
Ainda que distantes nos queiram bem. 
Amigos que ao nos encontrar nos olhem nos olhos,
Gargalhem por dentro e por fora,
Apertem-nos ao peito, bem apertado,
Nada nos cobrem, apenas possam sentir
O pulsar dos corações.
Amigos que possam nos ler, a nós
Antes mesmo do próprio texto.

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Rita Elisa Seda, minha tão querida escritora e amiga, foram tuas palavras que me inspiraram, não numa noite de insônia, mas enquanto lia e relia o texto nesta tarde ensolarada de São Carlos. Obrigada pela magia das palavras, mas, acima de tudo, perdoe-me pela pretensão dos versos. - 28/9/2011

terça-feira, 16 de outubro de 2018

MOMENTO DE REVISITAR ESPAÇOS EM NÓS


Reflexão por Inajá Martins de Almeida
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Leitura sempre me é instigante. Nesta manhã (16/10/2018) o encontro com Claudia Nina, em seu texto na Revista Seleções de dezembro 2015 - "Diários secretos ou nem tanto" - levou-me a reflexionar sobre meus apontamentos e grifos em livros, em cadernos, os quais podem deixar pegadas e pistas - tanto  as externas quanto as internas. Daí a necessidade de perceber o momento em que me vejo confrontada com a realidade que não estava registrada em meu projeto presente e futuro. Pelo menos num futuro tão próximo. Eis que passo a discorrer, sob inspiração, tanto da autora - Claudia, quanto da presente em mim, a impressão que me deixara os espaços, os quais passo a revisitar e revisar. 
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De tempo em tempo gosto de retomar as organizações dentro de minha casa. Geralmente elas me motivam pouco antes do término do ano, momento em que revejo minhas plantas – algumas se recompõem em novos vasos; o pequeno canteiro é remodelado. A área se torna verde, transforma-se em luzes natalina.

Este ano meu natal terá um colorido adverso ao que pensara – meu companheiro partiu, deixando-me o mesmo sentimento de vazio que há anos sentira, quando do distanciamento de minha mãe, próximo aos festejos natalinos. Se um é recente, outro já se conta em quatorze anos.

Entretanto, partidas podem nos levar a rever nossos momentos compartilhados e acumulados – roupas, livros, móveis, objetos pessoais, tantos mais... Será que tudo poderá permanecer como antes, ou terá de encontrar nova maneira de ser e ter?

Não me quedei a pensar por muito tempo. O vazio deixado fora maior do que a organização que se fizera se fez e se faz necessária. O armário compartilhado fora o mais rápido e fácil de ser desmembrado – roupas separadas logo encontraram novos corpos, distante de minha vista.

O quarto me fora o espaço primeiro a quedar meu jeito de ser e ter. Armário todo formatado, as cabeceiras de cama ornadas com flores e abajur, ao invés de livros. A colcha colorida, recentemente escolhida e comprada a dois, os travesseiros a mostra. Tudo ao meu gosto pessoal – toque de mulher que agora terá de se acostumar ao viver só... Livros na sala, nas estantes.

Nossos livros, nossas leituras diárias, entretanto, não me distanciaram – jamais poderão me distanciar da bibliotecária que sou – e a eles me lancei de forma a mais cuidadosa e harmoniosa possível.

Nossos livros contam a trajetória de uma década. Nosso primeiro encontro. Nossa primeira Feira do Livro em Ribeirão 2008 – outras vieram. Nossas visitas a livrarias, sebos, cafés. Nossos livros a mão, em nossa cabeceira de cama, em nossos estudos constantes. Nossos livros editados – um (o seu 2009) pequeno ensaio Reflexões Definitivas; o meu e da prima Matilde – Álbum das Bandas de Araras (autoria de Nelson Martins de Almeida – meu pai 2017).

Nossos livros... Um a um minuciosamente passam por minhas mãos. Registrados, individualizam-se nas estantes.



E relembro tua primeira pintura a mim dedicada - nós a batizamos de Livros sobre a Mesa. E eles falam muito de nós. O chinelinho sob a mesa,  a bolsa no chão, a janela aberta ao horizonte que nos apresentava límpido, inteirinho a nós. O vaso de flores, enorme, como enorme era nossa expectativa ao porvir que nos apresentava o momento. Um pequeno retalho de madeira não se intimidou a receber a obra do pintor em sua simplicidade. Agora só permaneceu a imagem. A madeira envelhecida corroeu a pintura e se perdeu entre tantos outros  momentos pelo caminho.  

Folheio alguns – terão tempo para me levarem aos apontamentos, aos grifos e sigo em frente. O tempo não me é cansativo. Agrada-me as estantes repletas de títulos e autores – lidos, relidos e que consigo guardam memórias escondidas...

Eis que, nesta manhã em que o tempo prenuncia chuva, o ar fresco matinal me encontra a revisitar as revistas, que por último permaneceram, e a buscar assuntos que me foram tão significativos em cada leitura. E estanco. O título me fala – “Diários secretos ou nem tanto”... Epa! Sua autora, em especial, encontrou-me em afinidade tal que sempre a busco entre as folhas das Seleções – acostumada a encontrá-las desde a infância, quando meu pai as tinha encadernadas (hoje já não as tenho mais... mudanças várias não nos permitiram levar conosco tantos livros, tantos móveis, tantos ... ), porém, Élvio as comprava casualmente.

Interessante! Noto as mudanças: umas de lugar e local, outras dentro do mesmo espaço e percebo necessário se faz o distanciamento de tantas coisas que ousamos pensar essenciais, mas que, por algum motivo ou razão, deixou de ter significado para o que se apresenta no momento e para o futuro. As revistas, belamente encadernadas, distanciaram-se de mim. Hoje  poucos exemplares os guardo.

Percebo nitidamente o momento de rever os espaços em nós...

Abro armários de cozinha. Caixas se avolumam. Sua função tornara-se desnecessária e são descartadas. – quantas. No que me compete a artesania, linhas esparsas em cantos e caixas vários podem e devem ser agrupadas, e são. Na gaveta de armário, pode-se ver e ter o material útil para novos trabalhos artesanais.  

Móveis velhos abrem espaço ao novo. Sapatos, roupas, renovam-se no armário que se enxugou. Apenas o básico, necessário. Nada de acúmulo. Nada de sentimento de posse, de saudade.

Eis que uma revisão geral se tornou presente. Fora necessário. Aquele que me era tão presente, ausente se fez aos espaços que compartilhávamos a dois. Tornaram-se imensos os compartimentos.

Mas, realmente são nos livros que encontro meus espaços mais significativos. Neles as lembranças saltam em linhas minhas memórias, as quais gradativamente serão revisitadas e transformadas em novas linhas.

Se as linhas, aconchegadas na gaveta de armário, podem conter pontos, quantos contos poderão conter meus apontamentos nas estantes acumulados.   

E se nesta manhã Claudia Nina, em seu artigo de dezembro de 2015, novamente me levou às linhas, esse encontro solitário e silencioso, razão da entrega frenética a sua leitura, valeu-me a imaginar meus próprios apontamentos e um desejo imenso de poder a eles retomar constantemente e me perceber em seus grifos – nos que apontei, nas datas que delimitaram o tempo. Quiçá, a possível releitura, me levará ao encontro de novos espaços em mim, o qual me passara despercebido.

E para finalizar minha reflexão nesta manhã em que o sol se apresenta tímido,  tomo posse da frase de Élvio e que aprecio sobremodo:

-  “Mudança! A única coisa que permanece”. (Elanklever)