Gates, William Henry Gates - "Desperte para a vida": reflexões sobre a bênção de existir / Bill Gates Sr, com Mary Ann Mackin; Tradução: Gabriel Zide Neto - Rio de Janeiro: BestSeller, 2010.
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Interessante notar o que um livro pode fazer por nós. O que esses encontros, livros, autores, leitura e leitores podem significar. Aqui, neste momento em que o ano está a se findar, fecho com chave de ouro, com dois livros demais importante para este final de ano; de um lado "Desperte para a vida" arrebatou-me o sentimento puro de família, de mãe e filho, mais especificamente de filha e pai - meu pai...; de outro "O homem a procura de si mesmo", do psiquiatra Rollo May (este ficará para outro comentário posteriormente).
Transcreve trecho editado pela Livraria Folha o qual julguei de importância para leitores que aqui vierem encontrar pouso, mas são as minhas próprias palavras, meu sentir para esse encontro, é que almejo declinar neste instante, assim...
Analiso o livro em si: capa a me chamar atenção pelo formato diário com o fecho no meio, como a desvendar mistérios em seu interior - sim quantos a nos encontrar - percorro suas páginas, numa leitura rápida e, grita-me
"Tudo começa quando nos apresentamos" - (pág. 194)
Mas, volto ao início. O prefácio é o filho a caracterizar o pai e a dar-lhe o devido lugar:
"Na próxima vez em que alguém lhe perguntar se você é o verdadeiro Bill Gats, espero que responda "sim". E que diga a eles que você é todas as coisas que este luta para ser" (pág. 13)
Lembro meu pai e o quanto diziam minha semelhança nele: o escrever, a organização, o gosto pelos livros, música, arte, enfim, havia muito de DNA seu em mim, entretanto eu queria me fixar como eu mesma, o que me distanciou tantas vezes; hoje decorridos anos de separação inevitável - maio de 2012 - a saudade me faz fazer um caminho às minhas origens e procurar aquele pai que pensei distante - escritor, historiador, esposo e pai amoroso, zeloso, cuidadoso, ativista em causas públicas e sociais; a tantos inspirou e continua inspirar. Seus trabalhos brilhantes e gigantescos não encontraram até os dias presentes formatação tal qual - Álbuns de Araras, Araraquara, Rio Claro, Futebol e outros tantos. São minhas memórias me me vem latente e gritam palavras a se perpetuarem neste espaço.
"Quando Trey (Bill Gates - filho) era bem pequeno, eu o levava com frequência à biblioteca. Ele adorava ler, e em geral precisava re tornar mais de uma vez aos livros que já lera para aprender mais alguma coisa". (pág. 83)
Jamais meu pai me levou a uma biblioteca, mas os livros estavam em nossa casa sempre. Belas estantes. Logo percebi o que me acompanharia vida toda - a profissão fora encontrada, sem que o percebesse, dentro das quatro paredes da ampla sala, em que uma vasta estante agrupava livros de toda sorte. Meu prazer, ao adentrar o ginasial, era organizar os livros, numa sequência que eu imaginava a mais lógica, dentro da cabeça de uma adolescente de 12 anos. - Enciclopédias, dicionários, história, geografia, ciências, literatura, tudo disposto de forma clara a rapidamente ser encontrado, mesmo sob pretexto de minha mãe que alertava que meu pai poderia ficar bravo com atitude sem seu consentimento, ao que lhe respondia que assim estava mais de acordo e que ele iria aprovar sim, o que realmente acontecia. Tornei-me Bibliotecária e Documentalista anos depois, ao gosto de meu pai que me aplaudia em silêncio.
E a leitura prossegue entre meus apontamentos particulares e o pai que fala e nos disponibiliza o texto. Aqui na entrevista que concede a repórteres diz sobre o não saber "como é que se cria um filho assim? Qual o segredo" ; realmente segredo ...(pág. 15)
Eu a me colocar como filha de um grande homem - historiador, escritor, editor de muitas obras em livros, textos em jornais - eu a querer espelhar-me, ainda que decorrida a distância, em seu trabalho. Ao resgatar todo o cabedal de conhecimento amealhado em décadas frutíferas, quase a se perder pelo tempo, procuro agrupar o máximo possível um trabalho que, de tanto profissional que fora, não fazia parte do autor dos projetos - era entregue a cada passo - com isso, mantinha a família - esposa e dois filhos - em boas escolas, boa casa, roupas, e o melhor de tudo, o ensinamento maior sobre o caráter e a honra de se ter um nome a preservar - ele com certeza o teve e jamais deixou-se afetar por contrários e desafetos que a profissão acarretou.
Meu pai, com que gratidão posso agradecer a Deus por ternos aproximado e ser você o escolhido para meu pai; o que não dizer de minha mãe, que, embora houvesse perdido a primeira filha, dado problemas de coração que a acometia, ousou querer-me e anos após sob severos tratamentos, pude vir a luz e aqui estou para contar...
Meu pai trabalhava duro, tanto em seu ideal de historiador e escritor, quanto para manter a família, seu ideal que o levou a longevidade em casamento, união, amizade com a esposa e filha que lhe ficou. Sessenta anos de casados, 94 anos de idade, dos quais compartilhei 62 anos. Mais tivéssemos, poderíamos estar contando juntos essas proezas.
"Para se conseguir qualquer coisa de verdadeiro significado na vida, é preciso trabalho duro". (pág. 27)
Na vida poder encontrar Possibilidades Infinitas (pág.33), meu pai encontrou e me passou essa garra; ademais se encontro em Bill Gates pai tanta similaridade é porque meu pai tinha e conseguiu me transmitir princípios que os trago a estas linhas;
"Contribuir com nossos dons e talentos para qualquer carreira que seguirmos". (pági.44)
Ademais, em minhas manhãs de leitura, pude reflexionar bastante e concentrar meu próprio sentimento. Talvez me estenda mais do que o normal, mas acontece que o livro inspirou-me sobremodo dado o envolvimento de um pai que atingira patamares altos em sua nação e levara o filho a tal júbilo. Em proporções que não se podem comparar, cada qual pode contribuir a seu modo, como o autor irá descrever linhas afrente.
De minha parte o capítulo "Encontre um significado no trabalho" - págs. 44/49), percebo o quanto meu pai está inserido neste contexto, não obstante esta que escreve, ademais...
"Uma carreira parece desdobrar-se em ritmo e direção próprios, fora de controle absoluto do dono"...
"a vida joga oportunidades e desafios em nosso caminho. E nosso futuro se forma pela maneira como nós respondemos a eles... (pág.46)
mais ainda...
"nunca tenha medo de pensar grande" (pág.51)
e
"Crie a mudança que você gostaria de ver acontecer" (pág. 59)
Esta entretanto, fala diretamente a mim, quando percebo que ele - Bill Gates Sr - está a escrever e ser fonte de inspiração a tantos em volta do mundo. Eu sou minha primeira leitora e escritora. Escrevo-me para poder-me ler em algum momento, ou, quem sabe, alguém possa ler em algum momento, em algum lugar...
E o livro não se esgota em mensagens a mim; agora
"Faça sua vida ser sua mensagem" - pág.67
porque :
"Um único indivíduo com uma paixão ilimitada por uma grande ideia pode melhorar muito a vida das pessoas" - pág. 76
O livro todo é uma incessante inspiração; inspirador o autor adentra nosso mais íntimo. Faz-nos realmente despertar para a vida; reflexiona-nos à bênção de existir. Não há dúvidas de que meu ano 2018 aguarda surpresas e realizações.
Este dia 17 de dezembro de 2018 será marcado como um divisor de águas, como se diz popularmente. Mudanças que acontecem no mesmo espaço em que nos encontramos: pintura da casa (que embora não sendo nossa propriedade tem de ser preservada - desde agosto 2009 ocupamos este espaço na cidade de São Carlos); dos móveis; além da aquisição de móveis novos. Tudo a seu tempo. Mas a maior de todas as mudanças, há que ser a interior - dentro de cada um de nós. É o que tenho lutado por conseguir, muitas vezes a duras penas.
Breve pausa, pois há muito que comentar sobre o livro, que tanto tem me impactado, desde sua leitura inicial em 11 de dezembro de 2017.
Embora se julgue que o trabalho em equipe seja o mais favorável e desejável, infelizmente nem sempre é o que acontece, inclusive em times de futebol: muitas das vezes o individualismo impera. Mas aqui o autor nos fala que
"simplesmente não podemos ser bem-sucedidos sem a contribuição dos outros... Estamos todos no mesmo barco". (pág.123)
Percorro suas páginas... Há grifos por todos os lados... O espaço aqui torna-se pequeno... Será que haverá leitor paciente para encarar as linhas? Quem sabe.
Estou na página 138. O título sugestivo:
"Quanto mais você envelhece mais alto fica".
Penso em minha estatura. Penso na estatura de meu pai que parecia-me minguar ano após ano e veja que era mais alto do que eu e fora perdendo massa corpórea. Entretanto, sua mente lúcida, seu conhecimento a aumentar-lhe o tamanho da intelectualidade fazia toda a diferença. E uma frase me alegra por demais:
"Uma das vantagens de se envelhecer é que isso dá a vida o tempo necessário para lhe presentear com oportunidades inesperadas". (pág.139)... Assim é que "nos nunca devemos parar de crescer". (pág.141)
Vi meu pai em todo seu tempo de existência a procurar conhecimento através da leitura, dos apontamentos - sempre um papel e lápis a mão. A visão, infelizmente fora a grande vilã para sua vida - não me dei conta. Fora um lapso irreparável para mim. Seu silêncio e o tempo que transcorrera em buscar auxílio - tarde demais. A audição fora outro fator, mas não tão gritante quando a visão. Seu silêncio, sua introspecção servem-me de alerta. Recluso quantas vezes a dialogar com seu passado. Quanta imaginação levara consigo naquele último suspiro. Quem dera pudéssemos estar aqui, agora a confabular nossos mais íntimos sonhos e desejos. Mas... impossível para você, meu pai; vamos tornar possível para mim - resgatar sua lembrança, sua imagem, o homem que não pode ser esquecido e, se depender de mim, sua filha, não será por certo.
E posso parafrasear o autor Bill Gates Sr. - ele a dizer "se não fosse por mim, vocês não estariam aqui" ... eu, neste momento, meu pai - se não fosse você, e minha mãe, eu não estaria aqui...
Jamais pudera imaginar que em duzentas páginas houvera outras tantas. É o que está acontecendo por aqui. Ainda não consegui um ponto final. As páginas me clamam. As frases me encontram. O dia me é convidativo. O sol adentra o espaço. O calor do ambiente não me incomoda. A bagunça não me chama. Tudo tem seu tempo. A gratidão de estar aqui me toca profundamente.
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Em vez de optar por uma existência só de luxos, o
ex-advogado William H. Gates, pai do fundador da Microsoft Bill Gates, preferiu
usar parte do dinheiro acumulado pela família para praticar a filantropia.
Em "Desperte Para a Vida" (Best
Seller, 2010), o autor relembra momentos importantes de suas vivências e divide
com o leitor as lições que aprendeu ao se tornar especialista em ações
humanitárias.
Entre outras revelações, o pai de um dos homens
mais ricos do planeta fala sobre a educação de seus filhos. Ele conta que foi
Bill Gates, apelidado carinhosamente de "Trey", quem o ensinou a
importância da curiosidade e da paixão na busca pela realização profissional.
Bill Gates pai também descreve o que aprendeu ao
conviver com líderes mundiais como os ex-presidentes Nelson Mandela (África do
Sul) e Jimmy Carter (EUA), a quem dá o crédito de como percebeu o valor do
voluntariado.
Por fim, o autor discute o valor do trabalho árduo
e da generosidade, atitudes que pratica ao dirigir a Fundação Bill &
Melinda Gates. A organização é responsável por sustentar projetos para a
produção e distribuição de vacinas em países pobres, desenvolvimento de métodos
contraceptivos, pesquisas para o tratamento da AIDS e programas de combate a
fome, entre outras iniciativas.
Com "Desperte
Para a Vida" , Bill Gates pai espera que suas
experiências octogenárias possam inspirar pessoas a fazer a diferença e a se
preocupar com o bem-estar dos seres humanos.
Leia trecho...
"Minha mãe era uma pessoa de mente aberta, que não
tinha muitas ideias fixas sobre o que minha irmã e eu deveríamos ser quando
crescêssemos.
Já meu pai, que era um tanto inseguro devido à
falta de educação formal, confortava-se vivendo de acordo com uma série de
axiomas indiscutíveis. Axiomas como, por exemplo, o da importância do trabalho
árduo, faziam todo o sentido. Mas outros me permitiram ver, desde muito cedo, o
mal involuntário que seu pensamento estreito às vezes causava.
Um desses axiomas era o de que "garotas não
devem entrar para a faculdade", e essa crença foi uma influência muito
restritiva na vida de minha irmã. Mark Twain abordou essa questão de maneira
muito interessante ao dizer que "o sinal mais óbvio de inteligência é ter
uma mente aberta".
Durante toda minha vida, eu me aproximei de pessoas
que tinham uma mente mais aberta.
É claro que também houve outras influências, além
da de meus pais. Uma delas foi um professor e técnico de basquete chamado Ken
Wills, que convidava a mim e a meus amigos para ir à sua casa toda semana para
uma sessão de debates. Ele tinha opiniões muito fortes sobre esportes, política
e, principalmente, sobre religião. Ele simplesmente não acreditava nela, nem em
Deus.
Embora as ideias dele fossem um tanto assustadoras,
suas palestras incutiram em nossa mente a noção de que éramos livres para
aceitar os diferentes pontos de vista das pessoas, em vez de simplesmente fazer
as coisas como fomos ensinados.
Outra influência foi um professor de psicologia que
tive em meu primeiro ano de faculdade, William Wilson. Ter aula com ele era uma
experiência de revirar o estômago.
O que causava essa sensação era que a maioria de
nossas premissas, opiniões e crenças mais fundamentais era submetida à análise
e a uma dissecação crítica. Ele nos mandava sustentar nossas opiniões com os
argumentos mais sólidos possíveis e, então, questionar nossas premissas listando
argumentos lógicos que defendessem justamente o contrário.
Entre as lições que extraí dessas aulas, estava a
de que o fato de algo estar escrito num jornal, numa revista, num livro (e, nos
dias de hoje, num site da internet) não quer dizer que seja verdade. E pode
haver mais de um ponto de vista válido sobre qualquer assunto - e provavelmente
mais de dois.
Posso garantir, sem qualquer sombra de dúvida, que
foi nas aulas do professor Wilson que me tornei um ser humano pensante.
Naquela época, acontecia a Segunda Guerra Mundial.
No final de meu primeiro ano, eu seria chamado para me apresentar ao Exército e
combater. Aprender a pensar com a própria cabeça foi uma lição importante para
um jovem prestes a ir à guerra. E, em verdade, eu mal consigo pensar em alguma
lição melhor para a vida inteira.
O que aprendi com o professor Wilson ajudou-me a
ter a liberdade de acreditar que eu poderia desafiar o status quo, refletindo
menos sobre como o mundo era e mais sobre como deveria ser.
E desde aquela época procuro viver dessa maneira.
Nesses últimos anos, viajei para alguns dos lugares mais pobres do mundo e
percebi, mais uma vez, que muitas coisas não são como deveriam ser.
Em lugares assim, é muito fácil concentrar-se em
como as situações são ruins - tanto que você pode sentir-se assoberbado pelo
desafio de tentar modificá-las.
Mas tenho de dizer que o que mais vejo são
possibilidades. Possibilidades infinitas".
http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/767458-pai-de-bill-gates-ensina-licoes-de-altruismo-em-desperte-para-a-vida.shtml